11 ABR 2017

O MEIO AMBIENTE E O HOMEM ESTÃO INTERLIGADOS

A Campanha da Fraternidade de 2017 lembra os biomas brasileiros com o lema: Cultivar e guardar a criação. Um “bioma” é um conjunto de vida (animal e vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria. É, mais uma vez, um tema que vem no bojo da Encíclica Laudato Si, sobre o cuidado da Casa Comum do Papa Francisco. Não para menos que ela já é chamada de Evangelho da Ecologia ou, ainda, Evangelho Verde, tamanha a sua influência nos meios que refl etem a questão ambiental no mundo.

Chama atenção o modo como a interdependência do homem com a natureza é ressaltada pela própria Sagrada Escritura.Ela apresenta em suas primeiras páginas este elemento de fé que indica que o mundo é obra desejada por Deus, criado harmonicamente por amor. O primeiro relato (Gn 1,1 – 2,4a) apresenta a criação sendo realizada em sete dias. O próprio número sete indica a perfeição da obra criada.

 sétimo dia é apresentado como do descanso de Deus. Assim é apresentada a criação e a inter-relação de seus elementos é identificável inclusive na criação. Primeiro a criação dos ambientes para na mesma sequência criar aqueles que neles se encontram.

A mesma coisa acontece com outro relato (Gn 2,4b-25). O pecado é o grande culpado pelo rompimento desta harmonia inicial entre Deus, o homem e a natureza.

Com ele são afetadas as relações com Deus, com o homem, nas relações interpessoais e com a natureza, ou seja, o mundo criado. Os profetas buscam refazer esta unidade através da pregação da justiça, do direito, do respeito pelos mais pobres, na justa distribuição dos bens, no respeito pela natureza, etc. Assim explode o tempo do Messias. Também Ele vem para dar novamente harmonia a todo o “criado” de Deus Pai. “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos” (Gl 4,4-5). Nele se concretiza o que foi anunciado através da Lei e dos profetas. O Verbo de Deus se encarna

assumindo a nossa humanidade (Jo 1,14). Nessa esteira de anunciar o Evangelho para a transformação do mundo os últimos papas têm sido pródigos e profícuos.

Com o Beato Paulo VI iniciou a tomada de consciência do desafi o ecológico. Na Carta Apostólica Octogesima Adveniens iniciou a reflexão do Magistério Pontifício sobre a ecologia, indicando sua relação com o modelo de desenvolvimento. São João Paulo II destacou a questão da ecologia e a ética.

Diz que “é preciso levar em conta as ligações que há entre todas as criaturas”. Afirma que “é preciso levar em conta a natureza de cada ser e as ligações mútuas entre todos, em um sistema ordenado, que é justamente o cosmos. Este dever se impõe a toda a família humana – indivíduos, Estado, organismos internacionais – assumir cada um seriamente as suas responsabilidades”

(Mensagem para o 23º Dia Mundial da Paz, 1990). O Papa Bento XVI retomou e consolidou a relação inseparável que existe entre “ecologia da natureza”, “ecologia humana” e “ecologia social”. Por fim, o Papa Francisco fala de “uma ecologia integral”. Manifesta o seu pensamento em muitos discursos, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013) e especialmente na Encíclica Laudato Si´: Ecologia humana e ecologia ambiental caminham juntas. O respeito integral pelo meio ambiente começa pelo respeito integral à dignidade da pessoa humana.

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