20 JUN 2016

54ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB

– Pensando o Brasil –


Retomando o assunto do mês passado, gostaria de falar sobre uma série de reflexões que estão sendo feitas por um Grupo de Trabalho da CNBB e que é intitulada PENSANDO O BRASIL. Desde 2014 apresenta-se na Assembleia dos Bispos o esboço de um subsídio para a apreciação e a aprovação dos mesmos. A cada ano, foca- se um assunto de urgência nacional para uma análise de conjuntura ou para ajudar os cidadãos brasileiros a fazer uma leitura da realidade conflitiva no cenário nacional à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja. A partir da reflexão, lança-se um olhar sobre a crise pela qual passa o Brasil e aponta para as possíveis superações.

Numa leitura da atual realidade brasileira o subsídio percebe a crise em quatro âmbitos: cultural, econômico, social e político. O âmbito cultural é visto através da CRISE DE VALORES.

Aponta para a emergência das novas subjetividades. Tudo parece ser provisório e descartável: algo é aceito apenas na medida em que possa proporcionar uma satisfação momentânea e hedonística. A produção da subjetividade se tornou o principal campo de intervenção das relações econômicas.

Nessa cultura que, sem qualquer densidade, copia e reproduz a si mesma á exaustão. É a era da superficialidade. Como solução para este problema é apresentado o IMPERATIVO ÉTICO. A falta de consciência do bem comum e a ausência de uma ética da solidariedade são responsáveis pelos mecanismos perversos de opressão e exclusão.

Quando trata da crise econômica cita a HEGEMONIA DO MERCADO FINANCEIRO.

De um capitalismo produtivo, baseado na expansão industrial, geração de emprego e distribuição de renda passou-se para um capitalismo abalizado fundamentalmente baseado na especulação financeira e no rentismo. Percebe-se, porém, o esgotamento deste modelo. Constata-se o colapso do ecossistema, devido á hiper-exploração dos recursos naturais. Ocorre uma crise da política, provocada pelo aumento da pobreza e pela concentração da riqueza e da renda.

A solução apontada é DEMOCRACIA E MERCADO. O Estado precisa garantir os direitos fundamentais e ter a força necessária para desenhar um projeto de sociedade o mais possível igualitária e respeitoso com os direitos dos pobres e menos favorecidos.

A crise social é caracterizada com a EROSÃO DOS DIREITOS SOCIAIS.

Avançamos muito na conquista de direitos sociais nos últimos anos. Os governos dos últimos 30 anos têm trabalhado por estas conquistas. Isto se deve, acima de tudo, á larga participação da sociedade organizada garantindo os direitos dos mais pobres.

É necessário o reconhecimento e a manutenção dos avanços sociais e políticos que, como Nação, fomos capazes de construir. A solução apontada neste campo são as POLÍTICAS PÚBLICAS. Elas são mecanismos através dos quais os direitos podem ser universalizados e visam a uma reorientação do Estado para uma sociedade justa e solidária por meio de ações duradouras e capazes de reformar as instituições. A responsabilidade pela implantação destas políticas é dos Municípios, Estados e União.

A crise política é caracterizada pelo ENFRAQUECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES.

Este é causado pela polarização política, especialmente a partir de 2014, pela corrupção descoberta e ainda encoberta, a mídia que muitas vezes é parcial nas suas análises por ser representante do grande capital, etc. A solução poderia estar no FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL. É necessário garantir a efetiva participação de todos os cidadãos. São João Paulo II diz que “o sujeito da autoridade política é o povo, considerado na sua totalidade como detentor da soberania”. O fortalecimento das instituições democráticas é o caminho mais seguro para a superação das crises. A democracia não se realiza sem instituições, mas há que se ter um equilíbrio entre instituições, poderes e interesses populares.

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