13 MAR 2019

O melhor bocado de pão da minha vida

(Adaptado do livro “Fale-nos Dele” de Fabio Ciardi)

À beira-mar, de costas para a praia, Jesus tinha diante de si uma multidão que se apertava para ouvir a sua voz. É assim que inicia a passagem de Marcos 5,21-34, sobre a qual descreverei. Hoje iremos reviver essa passagem do Evangelho a partir de Jairo.

Deixemos Jairo falar o que pode ter sentido naquele dia:

Cheguei correndo, suado, aflito. Não me incomodei com a multidão, nem me perguntei se ia causar um vexame e passar vergonha. Gritei: Mestre, por favor, venha logo!

Ele estava falando para a multidão. Parou, virou-se para mim e olhou-me como que querendo saber o porque de toda aquela pressa. Eu gritei bem forte: Minha filhinha está nas últimas. Venha antes que ela morra!

Ele simplesmente deixou todos, por mim e me acompanhou. Mas a multidão ia atrás. Ah! Aquela gente me incomodava, pois impedia apressar a caminhada como eu gostaria na direção da minha casa. Qualquer demora poderia ser fatal. Eu só pensava na minha filha que estava morrendo.

De repente uma mulher atrapalhou tudo. Era uma mulher com hemorragias! Ela fez o Mestre parar e nos fez perder um tempo que parecia uma eternidade. Naquela hora eu estava muito nervoso. Eu pensava: Por que o Mestre demora tanto? Minha filhinha está morrendo!

Neste momento alguém me puxou pelo braço. Era um vizinho de casa, que me disse palavras tremendas: “Jairo, não incomode mais o Mestre. Tua filha morreu!”

Senti como se tivesse levado uma padrada e minhas pernas começaram a tremer. Eu já não conseguiria caminhar mais. O Mestre também escutou e olhou bem no fundo dos meus olhos e disse: “Não tenha medo. Confie. Basta ter fé”.

Foi o Mestre quem iniciou a caminhada no rumo de minha casa. Ele apressou os passos, eu quase não conseguia acompanhá-lo. Eu ia chorando e repetindo para mim mesmo. “Tenha fé”, mas...“em quem?, “em que?”, ... “tenha fé, tenha fé”. Chegados em casa, ele chamou consigo três discípulos, mais eu e minha esposa. Aos outros pediu que fossem pra fora.

Ficamos sozinhos, os seis, diante da menina morta estendida na cama, já arrumada e vestida com a túnica, minha filhinha, para ser enterrada. Eu olhava para ela sem entender nada. Mas palavras continuavam se repetindo sozinhas dentro de mim: “Tenha fé..., tenha fé”.

E aconteceu o que aconteceu. O Mestre se aproximou da minha filhinha morta, pegou na sua mão com firmeza e disse as palavras mais lindas que jamais ouvi. Mas eram palavras impossíveis, que eu nem sequer esperava ouvir. Ele disse, com voz segura e forte:

“Menina, Eu te ordeno: levante-se!”

Até aquele momento eu só repetia para mim mesmo baixinho: “Tenha fé”. Agora não acreditava no que estava vendo.

Ela se levantou! Estava viva! Ele Ressuscitou a minha filha... O Mestre venceu a morte.

Eu permaneci travado como uma estátua, não arriscava dar um passo para frente, pois, com certeza, iria cair. A minha esposa também estava perdida, parece que nem conhecia a própria casa; ela não sabia onde colocava as mãos. Era demais a alegria!

Mas o Mestre nos acordou daquilo que mais parecia um grande pesadelo e nos disse com o carinho do coração de Deus: “Vejam. A menina está com fome. Deem de comer a ela”.

Naquele dia o pão foi repartido em sete pedaços. Já não éramos seis! Eu comi um bocado. Até hoje sinto na minha boca o gostinho bom daquele pão.

Você já sentiu Deus passar por sua vida e sua família?

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