23 DEZ 2015

"A família cresce e se reúne em torno do chimarrão. E o violão?! Ah!! O violão!"


A Vida Sacerdotal e os grandes acontecimentos que marcaram o ano de 2015 são o tema da entrevista de Dom Geremias Steinmetz, que fala com propriedade sobre sua experiência religiosa e sobre a Diocese de Paranavaí. Steinmetz ingressou no seminário de Palmas com 12 anos e com 25 anos foi ordenado padre. Estudou dois anos e meio em Roma e ao retornar ao Brasil foi designado para trabalhar em uma Paróquia de Francisco Beltrão – PR, onde foi reitor de seminário, diretor do Instituto de Filosofia e professor de liturgia. Em 2007 foi Coordenador da Ação Evangelizadora da Diocese e em 2010 nomeado Bispo de Paranavaí.



"Esse ano ficou marcado pela caminhada da Assembleia Diocesana de Pastoral,

pois com as diretrizes de 2015 a 2019 aprovadas naCNBB o nosso compromisso

enquanto pastoral e também como Bispo é fazer com que essas

diretrizes cheguem às realidades das nossas dioceses. "



1) Dom Geremias, o que o levou a vida sacerdotal? Quantos anos o senhor tinha quando descobriu essa vocação?

Aos 12 anos eu desejei ser padre, senti uma certa inspiração, digamos assim. Foi nesse momento em que falei com os meus pais a respeito do seminário e eles providenciaram tudo para que pudesse ingressar no Seminário. Depois, com a formação, com o direcionamento do seminário, com a clareza do que era a vocação e todo o seu significado as coisas aconteceram. Mais tarde, com o processo de formação sacerdotal, com próprio diaconato, os chamados escrutínios, é que tomei a decisão de ser padre. Ser padre não foi simplesmente um sonho, a responsabilidade da decisão veio de encontro com o que eu buscava.


2) Qual foi o momento mais difícil nesse caminho religioso?

Analisando todas as possibilidades, o momento mais difícil em termos de vocação foi dizer o sim. Hoje o sacerdócio católico implica no celibato e para um jovem dar um sim a uma proposta dessas é difícil. Precisamos ter muita presença de espírito, muita clareza, temos que saber o que significa ser padre e também conhecer as implicâncias que essa decisão traz ao nosso futuro, à nossa vida. Isso só é possível quando amadurecemos a nossa espiritualidade. Eu ingressei no seminário com 12 anos e nunca desisti da ideia de ser padre, nunca tive uma crise tão forte que me fizesse pensar em desistir.

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3) E o seu maior desafio em ser padre, Dom Geremias, qual foi?

Ah! O maior desafio foi dizer sim a muitas questões da vida, como por exemplo, em ser bispo. Eu sempre tive para mim que nunca iria dizer não ao meu bispo. Todos os trabalhos que o bispo me oferecia eu aceitava, seja cuidar de uma paróquia, estudar em Roma, ser reitor de seminário, professor ou mesmo ser o Vigário Geral da diocese.


4) Violão e Chimarrão são alguns hobbies que compõem a sua personalidade?

Para quem conhece as famílias do Sul, o chimarrão é presente, é um costume do nosso dia a dia. A família cresce e se reúne em torno do chimarrão. E o violão?! Ah!! O violão! Meu pai sempre cantava com a gente! Na minha família, nós cantávamos em quatro vozes diferentes. Uma espécie de coral familiar. Esse era nosso hobby familiar e no seminário eu me aperfeiçoe nisso. Aprendi a tocar teclado (piano e acordeon), violão e assim era chamado para me apresentar em quase todos os eventos do seminário.

 As ordenações diaconais ou presbiterais estava sempre presente auxiliando na música e no canto. Como padre este processo continuou por vários anos.


5) O Papa Francisco, quebrou tabus e levou muitos assuntos polêmicos para dentro da Igreja. Como o senhor enxerga a atuação internacional da Igreja católica nesse ano de 2015?

A Igreja é sempre internacional, ela fala com o mundo. Quando o Papa fala com os protestantes ou mesmo com os refugiados, ele transmite esta mensagem para o mundo. Hoje a Encíclica Laudato Si, é uma mensagem para o mundo, se não nos convencermos que temos que mudar a atitude com relação ao planeta, nós sofreremos de Norte a Sul. Todos os desafios que o papa levanta, podemos classificá-los em desafios internos de externos da Igreja.

Os internos: quando ele fala sobre a vida religiosa na Igreja. Ele fala também direto aos bispos, dizendo que devemos nos dedicar e nos esforçar para que a diocese possa caminhar e não sermos bispos de aeroporto.

Já com relação aos padres, ele é direto quando fala no “esfriamento espiritual”, o quanto é importante rezarmos e comungarmos com Jesus Cristo diariamente para produzirmos um certo calor espiritual e assim estarmos em sintonia com Deus Pai. É essa energia que faz a diferença na transmissão da Palavra de Deus, da Eucaristia, da devoção Mariana e assim por diante. O esfriamento espiritual acarreta em vários problemas, inclusive na perda da fé. Há os desafios externos, ou seja, problemas para toda a humanidade: os refugiados, a violência, as guerras, a corrupção, a paz, a justiça entre os povos, etc.


6) 2015 foi um ano de acontecimentos que também marcaram a história da Diocese de Paranavaí?

Esse ano ficou marcado pela nossa caminhada da Assembleia Diocesana Pastoral, pois com as diretrizes de 2015 a 2019 aprovadas na CNBB, o nosso compromisso enquanto Pastoral e também como Bispo é fazer com que essas diretrizes cheguem às realidades das nossas dioceses.

E essa é minha preocupação pessoal, pois nas grandes questões do Brasil essas diretrizes têm uma certa tradução para a nossa realidade. Eu não posso utilizar uma linguagem pastoral de Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro para falar com o nosso povo, porque eles não iriam entender.

Eu preciso traduzir os documentos, os acontecimentos e as preocupações da Igreja para falar a língua da nossa região, do nosso povo. Penso que chegamos a boas conclusões pastorais para a nossa região. E também não dá para esquecer a reforma na Catedral Maria Mãe da Igreja, a Capela Beato Paulo VI, bem como as outras reformas que foram feitas em igrejas da nossa diocese, em Loanda, Mirador,

Querência do Norte, Santo Antonio do Caiuá, entre outras. Outro desafio foi a decisão tomada por todos os padres de construir o nosso Seminário de Filosofia na cidade de Alto Paraná. A partir dali os nossos seminaristas irão diariamente até a

PUC – Maringá para participar das aulas. A vantagem é que este período da formação

acontecerá dentro da própria casa, digo dentro da própria diocese. Outro fato importante é a criação da Escola Diaconal da nossa diocese. As atividades terão seu início já no mês de fevereiro. É um passo pastoral importante para o futuro.

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