22 JUL 2020

Celebre a festa da Apóstola dos Apóstolos, Santa Maria Madalena

Foi São Tomás de Aquino que viveu nos anos 1225 a 1274 da era cristã, um dos maiores doutores teológicos da Igreja e do cristianismo em todos os tempos, chamado pelo honorífico título de “Doctor Angelicus”, que em seus estudos e pesquisas bíblicas e teológicas, atribuiu a Maria Madalena, o título de “Apóstola dos Apóstolos”.

Isto, segundo dom Guilherme Werlang, bispo de Lages (SC), foi não só por ela ter sido a primeira a ver o Senhor Jesus ressuscitado e ter sido encarregada pelo ressuscitado a levar a notícia para os Apóstolos, mas por ser a mulher mais vezes citada nos evangelhos. “Nem Maria, a mãe de Jesus é mencionada tantas vezes quanto Maria de Magdala (Madalena)”, diz o bispo.

Dom Guilherme Werlang afirma ser o evangelista Lucas que no capítulo 8,1-3 de seu evangelho apresenta esta mulher como seguidora de Jesus, quando diz: “Jesus andava pelas cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus. Estavam com ele os 12 apóstolos, como também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e muitas de doenças: Maria, chamada Madalena, de quem havia saído sete demônios, Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes, Susana e muitas outras mulheres que os ajudavam com seus bens“.

O bispo destaca que o número 7 na Bíblia sempre é um número simbólico de totalidade e que “demônio” pode ser muita coisa além daquilo que em nosso imaginário é o “capeta”, o “diabo”. “Demônio poderia ser realmente o ‘espírito mau’, mas, segundo os exegetas, poderia indicar um gravíssimo mal físico ou moral, que havia acometido aquela mulher, do qual Jesus a tinha ‘curado'”, aponta o bispo.

Então, dom Guilherme diz que poderíamos ler o texto de Lucas, num português mais fácil, assim: “entre as mulheres havia uma de nome Maria Madalena, que tinha sido libertada e curada por Jesus, de todos os males”. “Vejam que aqui não pesa sobre Maria Madalena, o que maldosamente, depois de anos de cristianismo, recebe a pecha de prostituta e pecadora ou adúltera”, alerta dom Guilherme.

Assim, dom Guilherme reafirma que Maria Madalena não tem nada a ver com aquela mulher pega em adultério e que deveria ser apedrejada e diante da qual Jesus disse aos acusadores: “quem não tiver pecado atire a primeira pedra”; até porque, segundo o bispo, onde este fato é descrito, não fala o nome da mulher. “Quando na Bíblia não se fala o nome de uma pessoa, é porque é um fato que pode ser atribuído e assumido por qualquer pessoa, em todos os tempos, inclusive nós hoje”, salienta o bispo.

Dom Guilherme reitera, ainda, que em todos os textos bíblicos onde Maria Madalena é citada, ela aparece como protagonista e com grande destaque positivo de fiel discípula e, especialmente, como a primeira testemunha da ressurreição. “A pecha de adúltera e prostituta provavelmente falsamente atribuído a ela foi para lhe tirar a força e destaque que ela tinha nas Comunidades da Igreja nascente, onde não se poderia admitir que uma mulher, mesmo sendo a mais próxima de Jesus e confidente de Jesus, ocupasse lugar de destaque maior que Pedro e os demais Apóstolos. Na época entendia-se que somente cabia aos homens a missão apostólica”, explica dom Guilherme.

“Podemos mesmo afirmar, que ela foi, além de Maria, a mãe de Jesus, e João, a única que ficou fiel até depois da morte do Mestre Jesus, porque foi ela quem liderou a compra de perfumes para levar ao túmulo de Jesus, antes do amanhecer do primeiro dia da semana e então encontra o túmulo vazio”, diz o bispo.

Dom Guilherme agradece a Deus pelo fato de o Papa Francisco ter, desde junho de 2016, corrigido tal distorção e falsificação que se fez por séculos e séculos na Igreja, na teologia ou livros espirituais no que se refere à Santa Maria Madalena e por reafirmar, ainda, o título dado por São Tomás de Aquino, quase 750 anos depois: “a Apóstola dos Apóstolos”, visto ser ela a primeira testemunha da ressurreição e do ressuscitado.

Festa litúrgica

Sua festa litúrgica, estabelecida pela Pontifícia Congregação para o Culto Divino, por desejo expresso do Papa Francisco, passou a ser celebrada em todas as Igrejas no dia 22 de julho de cada ano, para “exaltar a importância desta mulher que mostrou grande amor a cristo, e que foi amada por cristo, e para ressaltar a especial missão desta mulher, exemplo e modelo para toda mulher na Igreja”.

Fonte: CNBB
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